Ontem foi publicada a edição de 2025 do Global Energy Review elaborado pela Agência Internacional de Energia (IEA, International Energy Agency), que traz um resumo das principais trends no setor de energia mundial.
Segundo a IEA, a demanda global por energia elétrica cresceu acima da média em 2024, aumentando 2,2% – inferior ao crescimento do PIB de 3,2%, mas consideravelmente mais rápido do que o aumento médio anual de 1,3%. Esse aumento da demanda se deu principalmente pelo crescimento no consumo global de eletricidade, impulsionado principalmente pelas altas temperaturas globais e consequente aumento no uso de sistemas de refrigeração, pelo aumento do consumo elétrico do setor industrial, pela electrificação no setor de transportes e crescimento dos datas centers e uso de inteligência artificial.
As fontes de energia renováveis foram responsáveis por cobrir a maior parte do aumento deste consumo, estabelecendo um novo recorde anual pelo 22º ano consecutivo. Como resultado, 80% do aumento da produção global de eletricidade em 2024 foi fornecido por fontes renováveis e pela energia nuclear, que em conjunto contribuíram pela primeira vez com 40% da produção total global de eletricidade. O gás natural também registou aumento na demanda, de 115 mil milhões de metros cúbicos (bcm), ou 2,7%, em comparação com uma média de cerca de 75 bcm anualmente durante a última década.
Dentre as energias renováveis, a solar ainda se mantém em destaque, registrando níveis recordes de expansão em 2024 nos Estados Unidos, Índia e Brasil. Nos Estados Unidos, foram instalados quase 50 GW de capacidade, quebrando o recorde anterior em 2023. Já na Índia, foram instalados cerca de 30 GW, quase triplicando a energia solar fotovoltaica do ano anterior crescimento, enquanto o Brasil adicionou mais de 16,5 GW.
No setor de transportes, a procura de biocombustíveis líquidos aumentou 0,2 EJ em 2024 em comparação com 2023, atingindo mais de 4% do consumo global de combustível para transportes. Brasil, Índia, Indonésia e Estados Unidos foram responsáveis por 90% desse crescimento. O Brasil sozinho contribuiu com quase metade da expansão, impulsionado pelo apoio político contínuo à mistura de biocombustíveis e pela crescente demanda por combustíveis para transportes. Os mercados emergentes também testemunharam um aumento anual significativo de 80% nas vendas de veículos elétricos (EV). O Brasil e a Indonésia viram as vendas de Evs aumentarem em 140% e 190%, respectivamente.
Outro destaque importante do relatório foi o papel das economias emergentes e em desenvolvimento no aumento do consumo de energia, sendo responsáveis por mais de 80% do aumento da procura global de energia em 2024. Segundo o relatório, quatro quintos do crescimento total da procura energética mundial ocorreram nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, com três quintos do total na Ásia. A Índia registou o segundo maior aumento na procura de energia em termos absolutos – mais do que o aumento em todas as economias avançadas combinadas.